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Quantos livros você já leu? Por muitos anos essa foi uma pergunta que me atormentava. Há tantos clássicos imperdíveis, tantos livros para ler antes de morrer, tantas obras geniais que nos fazem chorar e crescer como seres humanos. Como é possível dar conta de tudo isso?

Vivemos em uma época onde o acesso á informação é praticamente ilimitado e gratuito, temos a poucos cliques de distância autores como Homero e Tolkien, Machado de Assis e Shakespeare. Temos acesso aos conteúdos das melhores universidades do mundo, os melhores professores estão disponibilizando seu conhecimento em vídeo-aulas, livros e podcasts. É fácil se sentir ansioso diante dessa avalanche avassaladora de informações. É ai que entra Taleb e o conceito de anti-biblioteca:

O escritor Umberto Eco pertence àquela classe restrita de acadêmicos que são enciclopédicos, perceptivos e nada entediantes. Ele é dono de uma vasta biblioteca pessoal (que contém cerca de 30 mil livros) e divide os visitantes em duas categorias: os que reagem com: “Uau! Signore professore dottore Eco, que biblioteca o senhor tem! Quantos desses livros o senhor já leu?”, e os outros — uma minoria muito pequena — que entendem que uma biblioteca particular não é um apêndice para elevar o próprio ego, e sim uma ferramenta de pesquisa. Livros lidos são muito menos valiosos que os não-lidos. A biblioteca deve conter tanto das coisas que você não sabe quanto seus recursos financeiros, taxas hipotecárias e o atualmente restrito mercado de imóveis lhe permitam colocar nela. Você acumulará mais conhecimento e mais livros à medida que for envelhecendo, e o número crescente de livros não-lidos nas prateleiras olhará para você ameaçadoramente. Na verdade, quanto mais você souber, maiores serão as pilhas de livros não-lidos. Vamos chamar essa coleção de livros não-lidos de antibiblioteca.

A resposta para a ansiedade em relação aos livros não lidos, aos podcasts não escutados, e aos filmes não assistidos, não é aumentar a velocidade de consumo. Nós nunca conseguiremos competir, sempre teremos esse sentimento de estarmos atrasados e perdendo alguma coisa muito importante.

A proposta do Taleb é celebrar e valorizar o que não sabemos. Ter uma antibilioteca é a lembrança física de que somos limitados e finitos. Por mais precioso que seja nosso conhecimento, o mais sábio é aceitar o quanto não conhecemos e não podemos nunca conhecer.

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